terça-feira, 4 de outubro de 2016

Pankararu ganha representatividade expressiva nas eleições municipais de 2016

Após muito tempo sem postar materias aqui eis que estou de volta.

As eleições municipais de Tacaratu do ano de 2016 terminou com um saldo positivo para Pankararu.
Após um longo espaço de tempo eis que conseguimos ter um vereador indígena.
No ano de 1996 tivemos Rosalvo Raimundo da Silva indígena eleito vereador.
Nas eleições municipais de Tacaratu do ano de 2016 tivemos 6 candidatos indígenas concorrendo a vereador, o que foi muito bom para todo o povo Pankararu.
Passados 20 anos, eis que o povo volta a eleger um indígena Jorge Carlos de Vasconcelos, conhecido como Celo Pankararu. Além de Di do Mercado, que também é indígena e tem parentesco indígena em nosso povo.
Essa é a vitória do povo. Parabéns aos 2 candidatos eleitos.
Parabéns a Celo e aos eleitores que juntos, trabalharam para a realização desse sonho.
Pankararu sai fortalecido nessas eleições, pois teremos voz e vez na câmara participando ativamente dos assuntos referentes ao município e atendendo as demandas do nosso povo Pankararu.
O território  indígena Pankararu compreende 3 municípios: Tacaratu, Jatobá e Petrolândia. Nas eleições municipais do anos anteriores já tínhamos representantes na câmara de Jatobá e Petrolândia, e eis que nas eleições  municipais de 2016 conseguimos ampliar o número de represantes nos respectivos municípios.
O saldo das eleições munipais é ótimo para o povo Pankararu.  A partir de agora temos 3 vereadores em Jatobá: Ronaldo de Valdenor, Zezão e Cleomar.
Temos 2 em Tacaratu: Celo Pankararu e Di do Mercado.
E temos 2 em Petrolândia: Dr. Eudes Fonseca e Zé Pezão.
Também foram eleitos os prefeitos apoiados pelos Pankararu em Tacaratu, Jatobá e Petrolândia.

Além de trabalhar com suas respectivas prefeituras, os 7 vereadores Pankararu e lideranças poderiam pensar em fazer um diálogo interno e defender propostas de interesse comum dos vereadores e comunidade. Pankararu possui diversas demandas na área social, saúde, educação, abastecimento de água, qualidade de vida dentre outros. Agora é arregaçar as mangas e trabalhar para futuramente obter bons resultados.
Isso é importante para no final do mandato ter um serviço prestado e continuar elegendo os candidatos Pankararu.
Esses e outros setores que são de competência dos municípios que podem ser tratados em uma agenda com os prefeitos, governador do Estado e até mesmo numa ida a Brasília. Uma bancada de 7 vereadores é bastante significativa e pode conseguir bons espaços de articulação.

Texto por: Naihara Oliveira Pankararu, em 04 de outubro de 2016.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Penitentes dos Índios Pankararu Fev 2009

POVO PANKARARU

De acordo com os dados censitários da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) e do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) de Pernambuco, a população Pankararu é de 4.850 indivíduos distribuídos em treze aldeias. É uma população que sofre, como todos os sertanejos-camponeses, do impacto das secas cíclicas e dos movimentos climáticos do semi-árido nordestino. As terras dos Pankararu localizam-se entre a Serra Grande e a Serra da Borborema, próxima às margens do Rio São Francisco, no limite dos municípios de Petrolândia, Tacaratu e Jatobá. Desde 1931 os Pankararu encontram-se em um contínuo processo de negociação com o Estado sobre suas terras e na busca de projetos econômicos de subsistência. Todavia, os Pankararu só foram reconhecidos pelo Estado brasileiro em 1938 e, assim como os demais povos indígenas de Pernambuco, passaram por momentos históricos de dificuldades e conflitos fundiários.
Segundo Cunha (1992), a Lei de terras do império de 1850, permitiu a incorporação das terras de índios que viviam dispersos e posteriormente sua redistribuição. Essa redistribuição das terras indígenas provocou uma dinâmica de reorganização dos espaços territoriais em todo sertão de Pernambuco. No entanto, em 1857 a comissão de demarcação das terras públicas, quando inicia o processo de expropriação das terras indígenas, ainda registra o aldeamento de Brejo dos Padres, como lugar histórico e social de referência para os Pankararu.
Apesar da tradição oral dos Pankararu relatar que suas terras, quatro léguas em quadro de terra (aproximadamente 24.000 ha.), foram concedidas pelo Imperador Pedro II e dos inúmeros registros em documentos oficiais que confirmam a doação, as terras Pankararu só foram identificadas em 1940 pelo Serviço de Proteção ao Índio (SPI), porém, das quatro léguas reivindicadas, apenas 14.294 ha. foram reconhecidas como terra Pankararu. No entanto, apenas 8.100 ha. foi demarcada em 1996, e recentemente, em 2003 foi iniciado o processo de demarcação do restante, ou seja, 7.800 ha (Athias, 2002). Ainda nas palavras de Athias (2002), um outro fator de conflito relacionado às terras Pankararu foi a construção da Usina Hidroelétrica de Itaparica, que viria proporcionar novas invasões por não-índios nas terras Pankararu e acirrar os conflitos agrários na região, nas décadas de setenta e oitenta. As cidades de Petrolândia/PE e Glória/BA foram atingidas diretamente. Tiveram seus núcleos urbanos totalmente submersos e mais de cinco mil famílias de trabalhadores rurais desalojadas na região. Foi esse movimento populacional que fomentou as mais recentes invasões na Terra Indígena. Em 1984, um Grupo de Trabalho da FUNAI foi enviado à área para promover estudos para identificação e levantamento fundiários. Este trabalho constatou, além da continuidade dos conflitos pela posse da terra, a estimativa da presença de 540 posseiros. A terra então foi demarcada com 14.294 ha. (excluindo uma faixa de terra para expansão da cidade de Tacaratu, com aproximadamente 106 ha.), ratificando assim parte da doação de quatro léguas em quadra para os índios e corrigindo a alteração realizada pelo SPI (Serviço de Proteção aos Índios) em 1940, que havia reduzido a área.
Aqui é importante lembrar a discussão acerca da problemática da terra, especificamente no caso dos índios no Nordeste e em todo o Brasil, porque reflete a capacidade que a terra possui no intuito de assegurar a sobrevivência e a continuidade étnica destes povos. Assim, a terra é de extrema importância na organização social dos Pankararu.
Nesse sentido, Athias (2002) chama atenção de que os Pankararu se distribuem basicamente segundo duas classificações, os troncos e as aldeias, ambas relacionadas com a organização das famílias.Quando falam “tronco” ou “ramas” estão indicando uma classificação histórica do aparecimento das famílias, porém quando se referem às aldeias está nitidamente embutido no discurso uma classificação espacial das famílias.
A classificação dos grupos de famílias em status diferentes, através da sua ligação a “troncos” familiares que se dividem entre os antigos e os recentes, opera uma dicotomia básica entre aqueles que descendem de índios “puros” e os que descendem de índios “misturados” ou “braiados”, em referência a uma forma de organização que é mais histórica que estrutural, já que não correspondem a qualquer produção de segmentações, classes ou linhagens (Arruti, 1996). Dessa forma, a classificação de uma família está diretamente vinculada ao convívio social cotidiano. É este convívio que influencia na definição das famílias a quem se pede ajuda, a quem se acompanha nas definições políticas, com quem se planta, perto de quem se mora e com quem se compartilha a comida e o trabalho da “farinhada”.
Assim, a organização das famílias está diretamente ligada à disposição espacial das casas que se distribuem segundo duas maneiras: agrupadas lado a lado, ou em grupos de casas de uma mesma família, cuja disposição tende à forma circular (Athias, 2002).


Entre os principais rituais e festas celebradas nas comunidades Pankararu podemos citar o Atucá, um ritual onde os mais antigos e entendidos membros do grupo bebem ingerem uma bebiba chamada Jurema a fim de entrar em dialogo com os encantados, que na crença dos Pankararu são seres sobrenaturais que quando invocados protegen e aconselham os Pankararu.
Em seguida podemos citar o ritual do menino do rancho que, embora receba a conotação de “festa” pelos Pankararu, pode aqui ser mais bem definida como um ritual, pois esta festa é também um rito de passagem onde os mais jovens são introduzidos nos segredos dos Pankararu.
O Toré também é um importante ritual dos Pankararu. O Toré é tido como uma “brincadeira” pelos Pankararu, por ser uma festa que reúnem todos os participantes do grupo, além dos mesmos também terem liberdade de tocar e cantar qualquer uma das músicas Pankararu sem nenhuma restrição.
Por último se destaca a festa do imbu que além de ser um evento ritualístico, onde importantes rituais são realizados (entre eles podemos citar a noite dos passos, o flechamento do imbu e a queima do cansanção), também pode ser considerado uma festividade, já que no final deste mesmo evento vários rituais coletivos e aglutinadores ocorrem a fim de que todos cantem e celebrem em conjunto como ocorre no Toré.
Entre os principais políticas de serviços de saúde oferecidos pelo poder púbico aos Pankararu podemos iniciar citando a implementação do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) um subsistema do SUS (Sistema Único de Saúde). Inicialmente discutidos em 1993 na segunda CNSPI (Conferência Nacional de Saúde para os Povos Indígenas) pelos movimentos indígenas e pelos profissionais na área de saúde a atuar com esses povos. Porém, somente em 1998 através da FUNASA (Fundação Nacional de Saúde) os 34 DSEI foram implantados. No mesmo ano também foi criada a Associação dos Profissionais de Saúde Pankararu (APROISP).
Em abril de 1999 após amplas reuniões no terreiro do cacique João Binga com diversas lideranças das treze principais aldeias Pankararu, juntamente com os profissionais da área de saúde, ficou decidido que as próprias comunidades deveriam acompanhar as formas de organização dos serviços de saúde a fim de garantir a plena autonomia dos mesmos, e em dezembro do mesmo ano foi criado o conselho nacional de saúde, onde foi apresentado a FUNASA o planejamento das ações de saúde para cada área especifica. Em Pernambuco o Conselho Local Pankararu, além de ter sido o primeiro a ser implementado foi também o primeiro a ser o centro das negociações a respeito da implementação do DSEI-PE. Atualmente o DSI-PE compreende um total de dez etnias indígenas.
No que se refere à vida política, a interação com os municípios vizinhos e a negociação de políticas públicas dos Pankararu podemos dizer que a dinâmica de suas relações políticas traduz as tensões existentes nas diversas aldeias. Além disso, o fato das terras Pankararu estarem localizadas nas áreas de três municípios, Petrolândia, Tacaratu e Jatobá, também contribui para esse quadro.
Podemos enumerar as principais queixas das lideranças indígenas no que se refere à saúde, por exemplo: 1) as contratações que seguem as políticas das prefeituras locais, aumentando a distância das ações entre o vínculo empregatício e a coordenação técnica; 2) o não cumprimento dos horários de trabalho nas áreas indígenas; 3) a maneira discriminatória como os índios são tratados na rede municipal de saúde, por parte do pessoal médico e, por fim, 4) a autonomia dos conselheiros locais de saúde, que estipulam políticas sem que haja um maior dialogo entre eles e as lideranças indígenas.
Entre os Pankararu, o cacique é visto como a pessoa que busca recursos para sua comunidade, enquanto que os pajés ficam responsáveis pelos rituais e cerimônias religiosas. O embate de forças políticas entre os Pankararu se dá, principalmente, nas reuniões dos Conselhos Locais. Nesta instância situam-se as principais pautas e as negociações entre os diversos grupos ou facções locais. Essas reuniões se tornaram importantes, pois decidem onde, e em qual aldeia, se situará um novo posto de saúde, por exemplo, ou como serão alocados os recursos em determinadas áreas.
No entanto, fica explicito o pouco dialogo entre os índios e os órgãos responsáveis pela implementação dos serviços de saúde e de outras políticas públicas, pois os índios são levados a discutir segundo as regras que regem o processo mais amplo, sem que estejam a par destas regras.

Fonte: http://indiospe.blogspot.com.br/

INDIOS ON LINE -vídeo produzido em 2009, em Pankaru

A combinação de índio e tecnologia pode parecer estranha, mas a internet se transformou em um recurso que preserva, registra e divulga a identidade cultural do povo indígena Pankararu. A matéria fala sobre um projeto de inclusão digital nessa tribo que fica localizada no município de Jatobá, interior pernambucano. Através da internet, os índios criaram uma rede chamada "índios On line" e nela eles postam textos, fotos e vídeos sobre os acontecimentos da aldeia.

Cartão Postal de Pankararu - Gean Ramos

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Perda de uma grande Guerreira Pankararu...

No último dia 18.02.2010 Pankararu perdeu mais um de seus "troncos véis", chama-se Maria Emilia e residia na Serrinha, ela já passava dos 100 anos de idade, porém encontrava-se lúcida, consciente e saudável.
Perdemos um grande exemplo de mulher acima de tudo,uma guerreira,uma grande sábia sobre a cultura de pankararu: como os rituais indigenas e o respeito aos encantados. Aprendemos muito com ela, e que seu ensinamentos sejam aproveitados por todos os cabocos.
Tia Maria Emilia DEUS é quem pague e abençõe por tudo que você fez por nós aqui na Terra. Que seu espirito descanse em uma Morada de Paz e seja muito iluminado e abençoado por DEUS E NOSSOS ENCANTADOS.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Pankararu em luto!!

Morre Quitéria Maria, uma das maiores lideranças indígenas de Pernambuco

Os povos indígenas de Pernambuco perderam uma de suas principais lideranças na noite de ontem. Após quatro dias de internação, a índia pancararu Quitéria Maria de Jesus, de 82 anos, faleceu em decorrência de complicações de diabetes, na cidade baiana de Paulo Afonso. Quitéria Binga, como era conhecida, teve importante participação no movimento demarcatório das terras de sua etnia, além de ter sido grande incentivadora da preservação da cultura Pancararu. Pernambucana de Jatobá, Quitéria era Casada e deixa sete filhos, netos e bisnetos.

Entre as principais realizações da líder pancararu, destaca-se a criação da primeira casa de parto e da primeira creche em terras indígenas no País. De acordo com a administradora regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), Estela Parnes, o trabalho desenvolvido por Quitéria Binga era reconhecido internacionalmente. “Ela tinha uma importância realmente efetiva na luta dos índios pela conquista de seus direitos. Há poucos anos, representou o Brasil em um evento mundial no Canadá e sempre que podia estava viajando para levar a causa adiante. Ela era uma lutadora e deixará um importante legado para seu povo”, comentou.

Há dez anos convivendo com a doença, Quitéria vivia na Aldeia Brejo dos Padres, em Jatobá, no Sertão do Estado. “Mesmo com a doença, ela nunca deixou de brigar pelo que acreditava. Enfrentou posseiros, fez vigília e nunca se intimidou com ameaças de ninguém. A Funai perde uma conselheira, uma parceira. Os índios perdem uma mãe e uma guerreira”, acrescentou Estela Parnes. Quitéria Binga deverá ser enterrada em sua cidade natal.

ETNIA - Em Pernambuco, os índios da etnia pancararu vivem em uma área de aproximadamente 8 mil hectares entre os municípios de Petrolândia, Jatobá e Tacaratu, no Sertão do São Francisco. Sua população é estimada em aproximadamente 4 mil pessoas e a base da economia é a agricultura, tendo como principais culturas o feijão, o milho e da mandioca. Os índios também comercializam a pinha, fruta típica da região e têm no artesanato uma fonte de renda complementar.

O centro da reserva, cujas terras foram demarcadas em 1942, é a localidade de Brejo dos Padres, onde vivia Quitéria Binga. Há também diversas outras comunidades importantes como Tapera, Serrinha, Marreca, Caldeirão, Bem-Querer e Cacheado.

fonte:jc online